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Marielle Franco em seu gabinete (Foto: Rodrigo Chadí/Fotoarena/Estadão Conteúdo/Arquivo) |
Uma testemunha contou à polícia, segundo informações
obtidas pelo jornal O Globo, que o
vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-policial militar Orlando Oliveira de
Araújo queriam a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL).
Procurado pelo jornal, o vereador disse
que não conhece o PM – condenado e preso por chefiar uma milícia – e afirmou
que a acusação da testemunha é "mentirosa". Siciliano prestou
depoimento à Divisão de Homicídios sobre o assassinato de Marielle, no início
de abril, na condição de testemunha. O vereador considerou a acusação uma
"covardia" (Leia a nota completa no fim desta reportagem).
A motivação do crime, de acordo com o
depoimento, foi o avanço de ações comunitárias de Marielle em áreas de
interesse da milícia na Zona Oeste.
A vereadora foi executada com quatro
tiros na cabeça na noite de 14 de março. Na ação, o
motorista Anderson Gomes também foi atingido e morreu e uma assessora foi
ferida por estilhaços.
e acordo com O Globo, a testemunha diz
que foi forçada a trabalhar para Orlando e deu detalhes de como a execução foi
planejada e diz que participou de reuniões. As conversas entre Orlando e
Siciliano teriam começado em junho do ano passado.
"Eu estava numa mesa, a uma distância de pouco mais
de um metro dos dois. Eles estavam sentados numa mesa ao lado. O vereador falou
alto: “Tem que ver a situação da Marielle. A mulher está me atrapalhando”.
Depois, bateu forte com a mão na mesa e gritou: “Marielle, piranha do Freixo”.
Depois, olhando para o ex-PM, disse: 'Precisamos resolver isso logo'",
afirmou a testemunha, segundo O Globo.
Marielle foi assessora do deputado
estadual Marcelo Freixo (PSOL) durante a CPI das Milícias, na Assembleia
Legislativa do Rio (Alerj).
A reportagem cita ainda que a testemunha
concedeu três depoimentos à Divisão de Homicídios. Deu informações à polícia
sobre datas, horários e reuniões entre Siciliano e o ex-PM, que atualmente está
em Bangu 9, no Complexo Pentenciário de Gericinó, na Zona Oeste. Também teria
fornecido nomes de quatro homens escolhidos para o assassinato, agora
investigados pela polícia.
Ainda segundo a publicação, a testemunha
contou que, um mês antes do atentado contra Marielle, o ex-PM deu a ordem para
o crime de dentro da cela de Bangu 9.
O relato informa que Orlando, primeiro,
mandou que homens de sua confiança providenciassem a clonagem de um carro, o
Cobalt prata, e que o veículo foi visto circulando próximo da comunidade da
Merk, na Zona Oeste, controlada pelo ex-PM.
A testemunha afirmou também que um homem
identificado como Thiago Macaco foi encarregado de fazer o levantamento dos
hábitos da vereadora: onde ela costumava ir, o local que frequentava e todos os
trajetos que Marielle usava ao sair da Câmara de Vereadores.
O depoimento também cita que o ex-PM é
"dono" da comunidade Vila Sapê, em Curicica, também na Zona Oeste,
que trava uma guerra com os traficantes da Cidade de Deus. Segundo a
testemunha, a vereadora passou a apoiar os moradores da Cidade de Deus e
comprou briga com o ex-PM e o vereador, que tem uma parte do seu reduto
eleitoral na região.
"Ela peitava o miliciano e o vereador. Os dois [o
miliciano e Marielle] chegaram a travar uma briga por meio de associações de
moradores da Cidade de Deus e da
Vila Sapê. Ela tinha bastante personalidade.
Peitava mesmo", revelou a testemunha, de acordo com o jornal.
Em nota, o vereador Marcelo Siciliano
(PHS), negou qualquer envolvimento com o crime.
"Expresso aqui meu total repúdio a
acusação de que eu queria a morte de Marielle Franco. Ela é totalmente falsa.
Não conheço "Orlando da Curicica" e acho uma covardia tentarem me
incriminar dessa forma. Marielle, além de colega de trabalho, era minha amiga.
Tínhamos projetos de lei juntos. Essa acusação causa um sentimento de revolta
por não ter qualquer fundamento. Eu, assim como muitos, já esperava que esse
caso fosse elucidado o mais rápido possível. Agora, desejo ainda mais
celeridade", explicou.
Fonte: G1